sexta-feira, 26 de junho de 2009

Fotoreport - Volta ao Pego no Inferno

No último Domingo estava já combinada uma voltinha ao Pego do Inferno, em Tavira. Para chegar ao Pego foi difícil, agora ao inferno... No Domingo estava um calor abrasador mas, bem cedo, 7 Bikers (doidos!!!) juntaram-se em Faro no sítio do costume e vejam o que aconteceu.
Estradões

O Alcatrão que irradiava calor, mas cada vez há mais!!! :(

Uma subidinha para animar
Perdidos na Pedreira!! AHAHAHAH!!! Cesário!!! Esse GPS!!!! :P!!!



Quando não há caminho...

O lanche!!!
Carrega outra vez
O Pego com várias vistas ;)!!!
Um banho para refrescar
Volta, mas pela ribeira!!!
Ecovia de Tavira
E quantos Km?!!!

sábado, 20 de junho de 2009

Ecovias e Ciclovias - Viva Barcelona!!!!

Há já muito tempo que se falam em Ecovias em Portugal e aqui no Algarve fala-se há anos na Ecovia que liga o Algarve do Barlavento ao Sotavento. Ao fim de alguns anos marcaram-se Ecovias e, se de facto, há troços que valem esse nome, outros...
Na zona de Faro e um pouco por todo o Algarve, pintou-se o chão de azul, pintaram-se bicicletas e/ou colocaram-se uns pinos nuns caminhos de Terra batida. Todos os que fazem BTT, ciclismo, ou pura e simplesmente passeiam um pouco de bicicleta, já perceberam que estas Ecovias são muitas vezes traçadas em locais de abundante movimento, onde os carros não têm qualquer cuidado e os ciclistas não têm qualquer vantagem em andarem nelas. Ainda hoje fui dar uma voltinha pela zona de Gambelas (Terra batida) e apareceu-me um estranho veículo que para Bicicleta tem várias coisas estranhas: é enorme, desloca-se a grande velocidade, tem quatro rodas com uns pneus gigantescos, um guiador redondo, ocupa toda a "Ecovia"!!!! Chama-se "Camião".

Em zonas cheias de pauzinhos verticais com uma bike pintada, passam indivíduos a velocidades elevadas, não abrandam ao verem ciclistas, passam-lhes tangentes, que todos esperamos que não passem a secantes e levantam pó e pedra. Isto claro que é tudo o que um ciclista precisa.

Outra coisa estranha aqui em Faro, é que, apesar dos tracinhos azuis pintados na cidade não se vêem pessoas em número mínimo razoável a usarem a bicicleta como meio de transporta. Porque será?!!!

Estive em Barcelona na semana passada e fiquei banzado!!! Numa cidade que não é plana e tem um clima muito semelhante ao nosso, existem milhares e milhares de pessoas a deslocarem-se de Bicicleta e nem sequer há traços azuis marcados no chão!!!! Estranho!!!!! Como é que não se perdem sem terem os tracinhos para se guiarem??!!!
Que soluções têm os Espanhóis em Barcelona:

Locais de passagem nas passadeiras para as bicicletas



Sinalização vertical abundante



Locais para Parquear as Bikes



Se não houver ciclovia, toda a gente anda na mesma, nos passeios, nas passadeiras de peões, nos parques... Só por curiosidade, cá, já fui barrado por um GNR por estar a atravessar de Bike, com todo o cuidado, numa passagem sobre-elevada na zona do Montenegro (diferenças!!!!)



E políticos que não fingem que fazem!!! Aqui há planeamento.

Enfim, em Barcelona há de facto Sinal Verde para as bicicletas


Até à próxima ;)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

BETETISTA CRITICUS

NO COMENTS...
Para iniciar a esta secção de crítica nada melhor do que começar por referir uma situação que desde há muito tempo nos faz (aos betetistas) imensa confusão e nos causa enorme indignação cada vez que passamos nesta zona, que fica na zona do Chão de Cevada, concelho de Faro.
Numa época em que a ASAE actua por tudo quanto é sítio (ou quase), em que se realizam fiscalizações e imposições a nível ambiental em tudo o que é empresa, obrigando ao registo e declaração (e pagamento de uma taxa!) dos resíduos que produzem, ao registo na Sociedade Ponto Verde e SIRAPA por utilizar meia dúzia de caixas de cartão, etc., etc., é um escândalo ver o que se passa junto a um armazém de (penso) frutas. Sendo propriedade de uma empresa ou de um particular deveria ser alvo de fiscalização adequada.
Não sei se lhe chame lixeira, se sucata ou porcaria. Há de tudo um pouco no terreno contíguo ao dito armazém e estrada (via pública) junto ao qual esta imundice se situa.
São carros abandonados, caixas e lixo aos montes nas bermas da estrada e no terreno, pocilgas com um cheiro nauseabundo (penas as fotos não terem cheiro… bem até é melhor assim). Bem, um autêntico atentado ao ambiente e à vista…
Será que nenhuma entidade competente de designa passar por ali? Se precisarem das coordenadas podem-se arranjar, que não seja esse o problema…
Deixo umas imagens para que possam ver melhor o que atrás descrevi, basta “clickar” nas mesmas para ampliar e ver melhor… elas falam por si só.














VOLTA (QUASE) "INFERNAL"

Domingo, 8 horas da manhã, céu nublado, dez bikers (de registar a ausência de alguns mais assíduos) e a promessa de uma volta “infernal”. Não só porque estava muito calor mas também porque o objectivo (traçado pelo nosso guia) desta vez era ir tomar um banhito ao Pego do Inferno, perto de Tavira.
Promessa porque mais à frente se teria de mudar de rumo gorando-se assim o objectivo traçado à partida.
Fomos rolando até apanhar o trilho paralelo à Via do Infante, no sentido nascente. Antes de deixar este trilho e de chegar a Moncarapacho já contávamos com três paragens, uma corrente partida e dois furos. Coisas que só acontecem a quem não fica na cama e vai andar de bike!
Posto isto começou a fazer-se tarde e tivemos que optar por outro percurso não menos agradável e com uma bela subida do Pereiro passando pela pedreira (ui!) até ao Peral. Daí seguimos em direcção a Estoi com o calor a apertar apesar do céu encoberto.
Já depois de uma paragem nos Machados para comprar umas águas frescas e um cafezinho ainda se ouviu falar em fazer a “subida da morte” mas tal só não aconteceu porque estava connosco o amigo Camacho que ainda está em recuperação e não pode fazer grandes esforços. Bendito Camacho…
Depois da passagem por Estoi seguimos rumo à zona de Pechão e daí para Faro que já se fazia tarde e cheirava a almoço antecedido, claro está, de um reconfortante e merecido duche.

A seguir fica o fotoreport da voltinha, para ilustrar a coisa que ainda rendeu uns bons 60km.


O Camacho e o Cesário sempre na frente


Uma imagem dos duros, sempre a bombar


O Camacho já quase em forma


Um pormenor arquitectónico, sítio da Jordana


Um dos furos que ditou a alteração do percurso


O descanso dos guerreiros

sexta-feira, 12 de junho de 2009

TRANS-ALGIBRE 2009

Às 8h30 da manhã lá estava o grupo no ponto de encontro combinado: junto à rotunda das 4 estradas, onde deixámos as viaturas, por uma questão de logística e para não “doer” tanto no final…
Desta vez juntei-me ao Bohemia Team pois o amigo do GPS desta vez falhou (anda sempre a falar do fotógrafo…). Surpresa das surpresas quando lá cheguei já lá estava uma figura pouco vista nestas andanças: o amigo Cesário. Pois é! Mas só o vi no início e no fim… Aquilo não custa nada: é só carregar no pedal…
Daí pedalámos nas calmas até Loulé onde se iniciou o clássico Trans-Algibre que se realiza, como é hábito, no dia 10 de Junho. Quer dizer, a malta assim que fez o check-in pôs-se logo na alheta antes dos prós, que depois vão levantando poeira a mais, eh eh eh.

O percurso não é nada duro, quase sem subidas dignas desse nome, mas para um pai desnoitado e com poucas pedaladas nos últimos tempos a coisa ainda doeu, para mais com o calor que se fez sentir. De resto o mesmo do costume, a beleza dos trilhos e os singles que são a mais valia deste passeio. Pena que a Ribeira do Algibre não levasse água, está tudo seco. Temos pena, sempre dava para refrescar.
Para não variar também se contou com a presença do nosso amigo pastor e inevitavelmente lá se deu o cruzamento do rebanho com a caravana de bicicletas bem no meio do single-track, mais um engarrafamento para não variar. Até deu jeito para descansar…
Foi já a seguir à Fonte de Paderne, quando se entra no caminho para o castelo que encontrámos o único abastecimento deste passeio onde se conseguiram umas garrafas de água para refrescar a malta. Ainda houve quem perguntasse se não havia nada para comer… ó amigo, por amor de deus, com o custo da inscrição (gratuita) estava à espera de quê? Depois sempre há o velho ditado: quem vai para o mar avia-se em terra!

Seguimos então para o resto do passeio com passagem junto ao castelo e Ponte Velha de Paderne, enfiando novamente nos maravilhosos singles até à zona de Boliqueime. Até ao final, junto à Praia da Falésia em Vilamoura, foi só manter o ritmo e aguentar o calor que as sombras aqui já eram poucas ou quase nenhumas.
No final comeu-se um bolinho, uma banana ou uma laranjita e rumou-se até ao local onde deixámos as viaturas, já com algum sacrifício, na parte que me toca. Sempre foram 75Km.
Mas quando cheguei já os amigos do Bohemia Team tinham uma mesita preparada no Pregus onde recuperámos do desgaste com umas cervejitas, uns pregos, moelas e salada. Para finalizar ainda tivemos direito à oferta de uma ginjinha e desfrutámos de umas boas piadas e gargalhadas. Sim que esta malta é bastante animada e é sempre salutar a convivência e a boa disposição.
Para o ano há mais…
A seguir fica o documentário visual, com a colaboração do amigo Miguel Rato.


Os preparativos iniciais


A foto do grupo


Ligação 4 Estradas-Loulé


Já a caminho da Fonte Filipe


Bonita paisagem perto da Tor


Ponte Velha de Paderne


O amigo Rui em grande estilo


Já de bejeca na mão prontos para "aviar" os pregos


A simpática menina que ofereceu as ginjinhas. Obrigado

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Mais uma volta de Domingo e 61 Kms Feitos

Éramos cerca de uma dúzia e contámos com o regresso do acidentado Camacho que parece que já está catita e está pronto a dar mais uma carolada no chão!!! Esperemos bem que não. Bem vindo!!!

Saímos de Faro por volta das 8h10 o tempo ainda estava fresco. Fomos para os lados de Sotavento: Olhão, Fuzeta, Moncarapacho, Pechão e Faro. Uma volta em ritmo vivo mas sem grandes subidas. Passámos pela ciclovia de Tavira (não!!! Não é aquela que só tem traços azuis!!! Essa é a outra ;) ). Já não passávamos lá há algum tempo e podemos dizer que está ali um trabalho bem feito. É claro que muita gente aproveita para andar a pé (até aqui tudo bem) mas a passear com os cãezinhos sem trela e muito, como direi... excrementos de cão no chão. Se não se fizer nada, em vez de Ecovia, teremos muito em breve uma COCOVIA perfeita para treinar perícia por entre os cag.... de cão!!! Enfim, os animais são nossos amigos, mas às vezes os donos....

Mais ou menos a meio do percurso, perto da variante da Via do Infante de Moncarapacho, foi altura de fazermos uma paragem técnica e, eis que aparecem, num baldio, quem diria!!!! uma figueira carregadinha de figos. Imaginem o que aconteceu. melhor!!!! Não imaginem. Observem.



Encosta as bikes que é hora do reabastecimento!!!

 
Posted by Picasa


Moce Miguel!!!! É só Figos!!!!



Mas que grande guloso ó Manel!!! E ainda por cima dá espectáculo!!! Tsssss!!!



Camacho come!!! A ver se recuperas as células do cérebro!! ;)!!

A partir daqui e com a força figueiral foi sempre a andar. Duas ou três subidinhas mais técnicas e toca a rolar. Continuam-nos a fazer falta o &%##!! do fotógrafo e o cameraman.

A partir daqui foi rumar a Pechão e depois a Faro. Mais uma voltinha de Domingo bem passada.

Aqui fica a imagem do percurso bem como o respectivo track de GPS que podem obter clicando aqui.



E já agora, a altimetria



Boas pedaladas e até à próxima.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Mudança de Horário

A partir do próximo Domingo e devido ao calor, o nosso encontro passa a ser às 8h00 da manhã. O que não muda é a boa disposição e determinação. Até Domingo com pedaladas mais frescas.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

50 Quilómetros de Bike



Nove e quinze da manhã e o grupo já está reunido. As bikes estão preparadas, o que lhes suceder pelo caminho logo se resolve. A manhã está belíssima, nuvens muito altas equilibram a temperatura. Teremos uns 18º com um vento variável, que lá mais para o fim da manhã irá soprar fraco de SSW.

Começamos a rolar. Por cima de uma ou outra palavra, que se troca no silêncio próprio das manhãs de Domingo, o asfalto devolve-nos o som da batalha que a borracha dos pneus trava com ele. | 20Km/h;132ppm|.
O caminho agora é de pedra calçada e aproxima-se um passadiço em lajedo onde em toda a sua largura corre uma água cristalina de dois dedos de altura. Uma prenda da Primavera chuvosa que a Ribeira do Rio Seco nos oferece. Temos gozo em atravessá-la. As rodas molhadas patinam à saída, na ligeira subida. Mais uns poucos quilómetros e o asfalto desaparece. Começamos a estar no nosso meio. Agora rola-se sobre areia firme e sulcos de lama ressequida, que outras rodas traçaram quando os trilhos estavam vulneráveis pelas chuvadas. Os trilhos de mato estão já à nossa frente. A marcha torna-se mais lenta. É andar sobre pedras. Dos lados ramos que se estendem quase a tapar-nos o caminho fustigam-nos os braços e pernas. O trilho abre-se mais. Aqui a Primavera manifesta-se em esteiras de flores silvestres de várias cores – roxas aqui, ali brancas e amarelas. |7,5Km/h;140ppm|. Agora sobe-se. Ainda pedregoso, o trilho desafia a um maior esforço. Resvala-se nos afloramentos calcários, arredondados por centenárias erosões. A melhor relação de transmissão da pedaleira à roda está introduzida. |6.0Km/h;160ppm|. Venceu-se a subida. Mais plano o trilho agora só oferece pequenos obstáculos. A velocidade aumenta. |20,2Km/h;132ppm|. Dispersos tufos de rosmaninho já bem desenvolvidos e o tomilho que por vezes se esmaga por baixo das rodas pulverizam o ar de odores que tocam rápido as nossas narinas. Mais veloz que o embalo das bikes vêm à memória momentos de Semana Santa. Igrejas atapetadas de rosmaninho criavam místico odor, de roxos ramos pisados em noites de Quinta-feira Santa.
Pedala-se em boa cadência. Sua-se. Os trilhos agora são mais suaves e arenosos. Algumas descidas pouco acidentadas. |32Km/h;140ppm|. As rodas das Bikes a rasgar as areias, produzem um som como o de muitos a comer pãezinhos estaladiços. O trilho agora afunila e o andamento torna-se difícil. É preciso afastar as arbustivas que se adensam. Quando nos damos conta estamos numa zona menos fechada mas sombria. As copas das alfarrobeiras unem-se no cimo filtrando o sol. Afloramentos de rocha como línguas formam assentos no que parece ser um átrio. Tem magia aquele lugar. Surpreendentemente uma vintena de lírios azuis em plena florescência, com pés de mais de um metro de altura, distribuídos por aquele espaço parece reunida em concílio de Primavera. Certamente discute-se o deserto que é aquele barrocal e a casa próxima, agora abandonada, que lhes permitiu existir para a função que parecem exercer: mútua contemplação da beleza que cada um possui sem interferência dos humanos.
A casa mostra abandono recente. Ainda deve conter memórias pairando pelos cantos abandonados. Resto de vidas feitas a conquistar terreno à “despedrega”, a semear uns trigos para dar pão, por entre figueiras, amendoeiras e alfarrobeiras. De noites ao luar de Agosto até vir a frescura do “sereno” ou o sono a apertar mais. De histórias de moiras encantadas, porque as há nessas encruzilhadas ou lugares sombrios convidando ao desencanto. |15Km/h;144ppm|. Da sina que a cigana de passagem ditou à Josefa. Dos cascos que naquela noite de Novembro se ouviram. Coisa de arrepiar a alma e o corpo. Em recurso de salvação bradava-se um “valha-nos Deus”e rezava-se uma lenga-lenga piedosa, dita a tremer, pois havia de tornar mais seguras as trancas das portas e janelas. Daquele Verão de seca horrível que dava para formar piquetes de gente sedenta junto aos poços municipais, e até ter de se espremer e chupar pela manhã as folhas carnudas das “piteiras” – figueiras da Índia – (1), ainda frescas da noite, para dentro das bocas e gargantas secas.

Aproveitou-se para uma pequena paragem ali mais à frente. Bebe-se ou come-se uma barrita energética. Estamos atrás do Cerro do Cabeço. O mais característico duma linha de cerros que ali se adensa em cambiantes de cinza forte, e que nesta zona define a paisagem vista do litoral pela densidade de afloramentos rochosos que exibe em todas as vertentes dando-lhe um ar misterioso. Talvez por isso é lugar de romaria num dia a seguir ao domingo de Páscoa, para se abrirem os folares que laboriosamente foram executados em casa, depois de reunidas as mulheres de mais saber no amassar e estender das folhas de massa. Noutros tempos, por combinação prévia, recorria-se aos fornos que as gentes do campo tinham em suas casas e para lá se dirigiam armadas dos tachos cheios da massa de folar que já tinha feito o tempo de espera adequado. Era assim em muitos lares de Olhão. Raro era o ano que uma chuvada não viesse interromper aquela festa. E era ver aquela gente a correr monte abaixo, no desejo de encontrar o autocarro que os traria de volta. Lamentos de objectos perdidos acompanhavam sempre estas debandadas.

Abalámos. O trilho leva-nos para a banda Sul do monte. Dali a Moncarapacho é um salto, mas o nosso rumo é para Oeste para os trilhos do Barrocal. Barro e Cal. |15Km/h;148ppm|. Barro que sustentou uma indústria próspera de olarias em toda aquela zona. Aprendizes de mestres, mestres de aprendizes, numa sucessão incontável, desde os tempos da ocupação árabe, que produziam uma cerâmica especial, e só neste lugar do Algarve, vidrada a verde para usos mais finos. O oleiro punha-lhe o seu selo.

Os trilhos agora são mais leves pela lisura que vai surgindo, aumenta-se a velocidade. O Ivo e o Tiago põem toda a sua juventude nos pedais. É impossível resistir a um pouco de competição. Mas os mais adiantados já sabem da regra: esperar pelos que ficam mais para trás ou se perderam nas voltas. Nem sempre quem vai a fazer caminho é obedecido. O Cesário para esta função é o melhor. O Ezequiel adianta-se e pára mais à frente empunhando a sua máquina fotográfica que vai disparando à nossa passagem. Ninguém ousa gestos incomuns. |25Km/h;150ppm|. Toda a gente a pedalar bem. Furo! Todos param. Deve ser rápida a mudança da câmara-de-ar. O Miguel oferece-se para dar à bomba. Aproveita-se sempre quem tem a melhor. Estas paragens dão sempre oportunidade a um “mudar de águas” ou a puxar do bidon para uma golada de água.
Voltamos a arrancar, os trilhos estão bons e a velocidade cresce ao ritmo da pedalada e da intensidade nos pontos de apoio, os pedais, que invisíveis desenham autênticas parabólicas no ar. |32Km/h;168ppm|. A velocidade diminui. As Alfarrobeiras que ladeiam o caminho começam a vergar ao peso dos seus cachos de vagens ainda verdes, mas adultas no tamanho. Impressiona como as águas de Abril e Maio deram vida a tanta vegetação. Os ramos das romãzeiras que se vão encontrando aqui e ali estão floridos de vermelho. Belos frutos hão-de dar. Tomamos a estrada asfaltada. Dá para tirar as mãos do guiador, espreguiçar os braços ou deixá-los ir como asas, no embalo, porque é a descer. Já virámos para o trilho de areia. Entre muros temos agora uma forte descida com muitas pedras soltas. |35Km/h;132ppm|. Levantam-se as nádegas do selim por causa da batida, que só chega amortecida aos braços pelo amortecedor da frente. Começa-se a travar pois a saída do caminho faz-se abruptamente para o asfalto da estrada. As rodas derrapam. Toca-se um pouco o travão da frente para ajudar. Pode sempre haver a surpresa de algum trânsito. «Está livre» diz quem já chegou. A adrenalina baixa. Se aqui houvesse Jacarandás tínhamos nesta altura do ano um merecido tapete de azul para nos receber.
Agora é só ir serpenteando mais alguns quilómetros por caminhos de asfalto, alguns muito recentes, até se chegar à Rotunda mais oriental da cidade donde os treze BTT, satisfeitos, tomam o rumo de casa para o almoço que os espera.


Faro, 26 de Maio de 2008
Vasco Vaz-Velho





(1) - Supõe-se que foi Cristóvão Colombo que as trouxe do México donde são originárias e, diz-se da Índia, já se sabe porquê.

Nota: ppm = pulsações cardíacas por minuto.